sexta-feira, 2 de abril de 2010

A alma do Armando Nogueira:

A Alma Paraense

O Paysandu está pegando um Ita no Norte e desembarca com toda corda no Campeonato Brasileiro. É tricampeão dentro de casa, é campeão do Norte e acaba de ser pra sempre consagrado na Copa dos Campeões.
Pra mim, que também sou daquelas bandas, o Paysandu é bem mais que um bom time de futebol. Se o Flamengo é um estado d’alma, o Paysandu é a própria alma paraense.
É pimenta de cheiro, é o Círio de Nazaré, é tacacá com tucupi, é Eneida de Morais, tia de Fafá, mãe de Otávio, campeão botafoguense.
É palmito de bacaba, é Billy Blanco, é açaí, é Jayme Ovalle, inventor do Azulão, tom profundo do azul-celeste, campeão dos campeões. E sempre será também Fafá de Belém, Leila Pinheiro, Jane Duboc, canto e contracanto ao violão de Sebastião Tapajós, fluente como o rio que lhe dá o sobrenome.
O Paysandu é feijão de Santarém, é farinha de mandioca, é jambu, é manga-espada, é maniçoba que Raimundo Nogueira servia, declamando Manuel Bandeira:
“Belém do Pará, onde as avenidas se chamam Estradas. / Terra da castanha / Terra da borracha / Terra de biribá bacuri sapoti / Nortista gostosa / Eu te quero bem. / Nunca mais me esquecerei Das velas encarnadas, Verdes, Azuis, da Doca de Ver-o-Peso / Nunca mais / E foi pra me consolar mais tarde / Que inventei esta cantiga: Bembelelém, Viva Belém! Nortista Gostosa / Eu te quero bem.”
Paysandu, permita-me parafrasear Caymmi, cantando teu troféu de imensa glória: Agora, que vens para cá/ Um conselho que mãe sempre dá/ Meu filho, jogue direito que é pra Deus te ajudar.

Crônica publicada em 07 de agosto de 2002.

Autoria: Armando Nogueira


Em tempo:

Na semana que passou muitas foram as homenagens prestadas ao jornalista, escritor, piloto e botafoguense Armando Nogueira.
Dentre as homenagens, gostei da crônica de Renato Maurício Prado: lembrou o jornalista que durante a cobertura das Olimpíadas de Atenas estava ele conversando com o saudoso Armando Nogueira em um corredor do centro de jornalismo quando, mais que de repente, surgiu a ex-jogadora de vôlei Leila, super simpática, cumprimento aos dois com beijinhos e seguiu seu caminho. Foi quando Armando Nogueira sem pensar duas vezes disse: "Deus se me tiraste a potência, por que não me tiras o desejo."
Foi inevitável, a ex-jogadora escutou a frase, voltou e pôs-se a sorrir com os dois interlocutores.