terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Homenagem de Paulo Paixão às mulheres amazônidas

Meu anjo sumiu…


Como a ave que sumiu
Por sobre a margem,
Foste sem dizer para onde…
Ouço esta canção de saudade
Que mais dói que encanta…
Bebo uns copos,
Fumo umas folhas para
Ver-te…
A fumaça amassa as lamúrias
Porque te vejo por sobre
O rio, além da mata, além do fio
Do horizonte…
Conte-me, amor, onde andaste?
Por que me abandonaste?
Não bastaram os beijos, os abraços,
O meu corpo no teu regaço…
E os dias de verão, ventosos
Só nossos, a branca areia, o luar
E o violão…
Não bastaram os risos, os afagos,
As doses fogosas com limão, nem
Minhas mãos nas tuas mãos…
Não bastou a canção de Alison Krauss
Que dançamos de rosto colado
E os corpos adentrados
Sob efeito das borbulhas
De fine champagne…
Amada, em que errei?
Em que tropecei?
Fi-lo por excesso ou
Por escassez?
Fugiste da fumaça que soprei
Ou evaporaste como fumaça
Cansada da eterna viagem?
Ou foram taças e mais taças
Que só faziam aflorar canções
De amor,
Mas que nunca me fizeram
Pisar o chão de barro e lama?
Disseste-me, um dia, que eu só vivia
Pra sonhar
E imaginar um mundo distante
Onde tudo são só amor e flores…
Onde tudo são só amor e flores…
E continuo, meu anjo, olhando o infinito
Com o fito de ver-te além das nuvens
Vestida de noiva ou de vestido longo
Cantando qual soprano
De uma sinfônica vienense
A canção de uma história de amor.
Vem, amor meu, nesta canção
Mesmo que se esvaindo nas nuvens…
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De Paulo Paixão, poeta amazônico nascido em Santarém, do Tapajós.



COMENTÁRIO DO POSTER:
 
Preciso confidenciar a vocês que sinto uma inveja boa daqueles que têm o dom de escrever poemas.
Penso que tal dom é nato e não pode ser adquirido através do estudo ou da maturidade.
Saúdo o amigo poeta Paulo Paixão (cuja alcunha carinhosa é "poeta do encontro das águas") por  mais uma pérola, desta feita, em homenagem às mulheres amazônidas, todas, sem exceção, afinal, nos dão vida e  prazer.