quinta-feira, 28 de junho de 2007

Terapia verbal

Hoje em meu ambiente de trabalho, lá pelas tantas, fiquei sabendo de uma frase que meu chefe havia dito sobre mim. Desculpem amigos, mas foi inevitável, disse enfaticamente ao colega que havia me trazido as más notícias: "Manda ele tomar no cú."
Incrível como aquela frase chocante e bruta, trouxe-me uma tranquilidade interior poucas vezes observada.
E como sempre te um perverso ao teu lado, um colega disse que era melhor dizer: "Manda ele tomar bem no olho do cú dele".
Ressalto que meu chefe não bebe cerveja comigo e, portanto, é bom que fique claro que não é boa gente.
Agora há pouco resolvi fazer um relax virtual e tive a idéia de postar algo. Porém, nada vinha em mente, até que lembrei da dita frase e do diálogo seguinte.
Fui no google e encontrei um texto Millôr Fernandes sobre o assunto, voit la:



"O direito ao Foda-se



Os palavrões não nasceram por acaso. São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade nossos mais fortes e genuínos sentimentos. É o povo fazendo sua língua.
"Pra caralho", por exemplo. Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"? "Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática. A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?


[ . . . ]


Há outros palavrões igualmente clássicos. Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!", falados assim, cadenciadamente, sílaba por sílaba...Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar e sacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.


E o que dizer de nosso famoso "vai tomar no cu!"? E sua maravilhosa e reforçadora derivação "vai tomar no olho do seu cu!". Você já imaginou o bem que alguém faz a si próprio e aos seus quando, passado o limite do suportável, se dirige ao canalha de seu interlocutor e solta: "Chega! Vai tomar no olho do seu cu!". Pronto, você retomou as rédeas de sua vida, sua auto-estima. Desabotoa a camisa e saia à rua, vento batendo na face, olhar firme, cabeça erguida, um delicioso sorriso de vitória e renovado amor-íntimo nos lábios.


E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!". E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!". Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação? Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e autodefesa. Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar: O que você fala? "Fodeu de vez!".


Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala. Existe algo mais libertário do que o conceito do ''foda-se!"? O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.". Não quer sair comigo? Então foda-se!". "Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".


O direito ao ''foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal. Liberdade, igualdade, fraternidade e FODA-SE. "

5 comentários:

Ivan Daniel disse...

Ontem assisti a um vídeo no youtube que fala sobre essa sensação aliviante de falar palavrões em momentos necessários.
hehehehehehehehe...
O link é esse.
http://www.youtube.com/watch?v=2uKavHACJOs

Citadino Kane disse...

Agora Fu...!

morenocris disse...

Caramba...essa ele não disse...

rsrsrs

Ai...Bruno, fiquei louca pra levar esse post...será que vai pegar mal ?

Vou carregar para o arquivo...

Você me responde? Vai depender de vc...

Beijos.

Bruno Soeiro Vieira disse...

Cara Cris Moreno,

Ao ler o texto do Millôr e sendo ele quem é, pensei se ele pode, eu posso.
Na verdade, em regra geral, todos soltam seus impropérios, não é?
Um abraço amiga professora.

Jorge disse...

achei este post sensacional. fartote de risos.

abraço.